Escola bonitinha, escolha errada
Meu pequeno passou dois anos em uma escola, o primeiro ano foi.. lindo. Escola bonitinha, bem cuidada, professora bem preparada, salas de tamanho razoável, toda a estrutura do edifício, que havia sido uma residencia antes de ser reformada foi muito bem adaptada ao uso atual, brinquedos adequados as diferentes idades, espaço aberto, a área dedicada a recreação dos pequenos ficava próxima as salas. Também tinha serviço de creche em um segundo edifício igualmente bem cuidado, mais novo que a escola, onde ficava o berçário lindo e cheio de brinquedinhos muito "cool" da tokstok ( chique né?) além do serviço de transporte, judô , capoeira... empreendimento familiar ...
Não é quase tudo que uma mãe pode querer? A única desvantagem era o espaço físico pequeno, mas moro em um bairro antigo, onde básicamente só existem casas e edifícios baixos- não poderia esperar que a escola tivesse também uma quadra olímpica, campo de futebol ..também considerei meus padrões fora da realidade: as escolas que estudei eram gigantescas, uma delas era um sítio que tinha até cavalos, grutas e (ugh) cobras. E a escola do pequeno era tão bem projetadinha em seu improviso...
Pois foi justamente o que começou a dar dor de cabeça- e crises respiratórias: a verdadeira vocação da diretora/proprietária parece ser a construção civil. Houve uma reunião no início do ano em que explicaram superficialmente uma pequena obra pra melhoria do espaço.(Esta pequena obra, iniciada no verão de 2009 continua hoje, ás vésperas do início do ano letivo de 2010)
Após muitas visitas ao santo pediatra devido a uma coriza constante e outras coizinhas , umas aparentes "sufocações norturnas" que eu não sabia identificar ..em junho o pequeno teve mais uma destas "sufocações" que o médico explicou: reação alérgica, asma.
Pânico geral, escondam todos os perfumes, produtos de limpesa da casa, troquem os filtros do ar condicionado do carro, limpem os de casa, lavem-se os cachorros! guardem os bichos de pelúcia e os tapetes ( de tear, super laváveis??)... Acusações trocadas em familia, era o caos e a histeria instalados.
Eu, muito confiante na escola, só ia até a secretaria, o pequeno ia e voltava na condução. Já o pai, um tantinho mais cara de pau que eu, invadiu a escola para entregar a lancheira esquecida e dar um oi ao pequeno estudante. O que ele viu, além da equipe interdisciplinar (inteira) que o cercou alertando sobre o perigo da disperção do aluno e as regras sobre pais dentro da instituição fora do horário de entrada e saída, foi um grupo de operários, poeira, picaretas, sacos de cimento, sala herméticamente fechada ( sala essa que era metade do tamanho da sala do ano anterior- pq uma reforminha q atrasou as aulas do ano passado foi feita para aumentar o número de salas de aula! Coloque 18 crianças dentro de seu quarto, tranque tudo enquanto operários trocam o piso do lado de fora- esse era o cenário) , barulho ensurdecedor.
A crise respiratória seguinte não nos deixou dúvidas quanto a causa. Depois de 1 mês e 1/2 tentando entrar em contato com a diretora/proprietária para ter informações sobre a obra e receber negativas seguidas, já estavamos no 2º semestre... em tempos de gripe suína, e "fim de reforma". A digníssima diretora só entrou em contato conosco quando ouviu as palavrinhas mágicas através de seus funcionários : "secretaria de educação" e "alvará".
Fim de reforma na escola, agora começava a etapa da creche, mas também não sabíamos disso. Ví que estava em obras, o pequeno contava com detalhes onde e oque estavam fazendo, mas quando entrei em contato, disseram ser apenas em área externa. Até que um dia... recebo um telefonema porque o pequeno estava passando mal.
Portão da creche aberto, um desconhecido recebendo operários que carregavam sacos de cimento ou gesso...entramos na creche . o cenário era o pior possível: salas sem teto, material de construção pelo caminho, as crianças tendo que se apertar nos poucos espaços "habitáveis" que restavam...
2 horas depois de sair daquele ambiente, o pequeno estava ótimo, com o apetite costumeiro, correndo atrás com os cachorros,assistindo desenho animado, e falando sem parar, tudo ao mesmo tempo.
Mas o mais absurdo desta história toda não é a conduta da escola, e sim o fato de que apesar de várias outras crianças terem passado mal, parece que fui a única a questionar os responsáveis pela instituição. Os outros pais reclamavam indignados, mas entre sí e demonstravam total ignorancia de seus direitos até como consumidores e das obrigações da escola.
Fui a sub-secretaria, que rapidamente fez uma visita a creche, advertiu e ordenou a remoção imediata das crianças para o outro edifício.
E Por essas (e outras), estou dividindo aqui um resuminho do documento que regulamenta escolas no Rio de Janeiro ( acredito que o padrão seja o mesmo no resto do país, mas as escolas são responsabilidade dos municípios) e alguns links muito úteis que encontrei sobre como escolher as instituições que serão responsáveis por nossos pequenos ... uma que ao contrário desta, priorize os alunos e honre a responsabilidade de te-los sob seus cuidados.
Da estrutura física:
O imóvel deverá apresentar condições adequadas de higiene salubridade e segurança das instalações.
Os espaços físicos deverão atender às diferentes funções da instituição de Educação Infantil e conter uma estrutura básica que contemple:
espaço para recepção; espaço para professores, para os serviços administrativos, pedagógicos e de apoio; salas para atividades das crianças, com boa ventilação e iluminação, com mobiliário e equipamentos adequados;
condições para o preparo e/ou fornecimento de alimentos, que atendam às exigências de nutrição, saúde, higiene e segurança, nos casos de oferecimento de alimentação;
instalações sanitárias suficientes, próprias para uso das crianças da faixa etária da Educação Infantil, e instalações sanitárias separadas, para uso dos adultos e dos alunos do Ensino Fundamental, se a
instituição ministrá-la,
berçário para crianças com até um ano de idade, provido de berços individuais, área livre para movimentação das crianças, locais para amamentação e para higienização, com balcão e pia, e espaço apropriado para o banho de sol;
área coberta para atividades externas, compatível com a capacidade de atendimento e localização;
Os espaços utilizados pela crianças do Berçário I e II - sejam os destinados a atividades, ao repouso, às instalações sanitárias, à recreação e ao lazer- deverão ser claramente definidos, de maneira a ser garantido o seu uso com exclusividade ou que, havendo necessidade de serem compartilhados, o sejam, apenas, com as crianças das demais faixas etárias da Educação Infantil.
No que diz respeito às dependências destinadas a atividades educacionais, de recreação e ao repouso, a área mínima disponível deve ser da ordem de um metro quadrado por criança, observado o limite de ocupação de 80% (oitenta por cento) da área física.
Todas e quaisquer alterações na estrutura, composição e funcionamento da escola deverão ser incluídas no Regimento Escolar sob forma de adendo ou de reformulação e também serão devidamente registradas em Cartório de Registro de Títulos e Documentos.
Do número de alunos:
Na faixa etária de zero a um ano e onze meses, para cada grupo com o máximo de vinte quatro crianças, em espaços físicos distintos ou não, um professor, exigindo-se um auxiliar para cada grupo de até seis crianças.
De dois anos até dois anos e onze meses, para cada grupo com o máximo de vinte quatro crianças, em espaços físicos, distintos ou não, um professor, exigindo-se um auxiliar para um grupo de até quinze crianças e dois auxiliares a partir da décima - sexta criança.
De três anos até três anos e onze meses, para cada grupo com o máximo de vinte quatro crianças, em espaços físicos, distintos ou não, um professor, exigindo-se um auxiliar para um grupo de até vinte crianças e dois auxiliares a partir da vigésima - primeira criança.
De quatro anos até cinco anos e onze meses, para cada grupo com o máximo de vinte e cinco crianças, em único espaço físico, um professor.
As instituições podem optar por funcionamento com grupos compostos por crianças de faixas etárias diferentes na modalidade creche e, também, na modalidade pré-escola, obedecendo a relação profissional/criança correspondente a menor faixa etária.
Links
Guia da Folha para escolher a escola
adaptação via @kidsinrio
secretaria municipal de educação do Rio ( link direto para pdf)